Cête-Porto Campanhã-Aveiro-Sernada do Vouga-Espinho-Porto Campanhã-Cête
22-03-2011
A nossa viagem começa pelas oito horas e trinta e quatro minutos na estação de Cête no Ponto Quilómetro trinta da Linha do Douro a contar desde Porto-Campanhã. Esta viagem não será descrita porque já o foi na primeira viagem (Urbanos do Porto), depressa chegamos a Porto-Campanhã, pelas 9:05, um pequeno descanso para tirar algumas fotografias ao material circulante lá encontrado e às 9:14 embarcarmos no comboio 15717/6 com destino a Aveiro, não demora muito a viagem, o comboio para em poucas paragens e pelas 10:12 estávamos em Aveiro, aqui podemos tomar o nosso pequeno-almoço e fotografar a maravilhosa estação de Aveiro com os seus lindo azulejos. Aveiro é uma cidade muito bonita devido à sua ria, mas não só, tem belos jardins e muito mais. Mas como parei pouco tempo por Aveiro não visitei em si a cidade, só do que me lembro de outras visitas, mas lá virá o dia em que o destino será apenas Aveiro.
Às 10:45 começa a nossa viagem verdadeiramente, na plataforma N.º8 da Estação de Aveiro, plataforma 7 e 8 designadas Aveiro-Vouga, temos o nosso comboio, o tão carinhosamente chamado”Vouguinha”, agora a fazer o serviço temos uma Unidade Dupla Diesel 9630, naquele dia era a 9631. Partimos e logo à saída da estação temos logo o primeiro apito do comboio, este comboio faz a viagem toda a apitar devido às passagens de Nível sem guarda existentes, neste caso era a da saída do parque da estação. A nossa viagem faz-se para este, afastando-nos do litoral e entrando no sossego da montanha e vales. Mas primeiro temos o apeadeiro de Esgueira, daqui a diante é curva contra curva, e um regresso ao passado, passado porque a linha não vê obras nas estrutura há um bom par de anos, temos vegetação quer de um lado quer o outro, a velocidade máxima é 50 km/h mas em certos instantes vamos a muito menos que isso, temos o som característico do comboio, digamos assim aquele barulhinho constante que surge das emendas dos carris serem antigas e terem falhas.
Cada vez que nos aprece um aglomerado de casas podemos contar com um apeadeiro e é isso que aparece a seguir com o apeadeiro de Azurva, seguimos em frente e temos a estrada a nosso lado, mas antes temos de a passar, desta vez há cancelas e com a estrada também temos mais casas, do lado esquerdo temos uma vista grandiosa de campos e chegamos à estação do Eixo. Continuamos e somos sempre acompanhados pela vegetação, aqui isso é muito característico, mas a viagem é bastante calma, faz-se bem para quem gosta de viajar sem pressas e simplesmente quer apreciar a viagem. Um apeadeiro pelo caminho se encontra, São João de Loure, este em bom estado, a próxima estação é Eirol, mais uma pequena localidade com a estrada principal do lado esquerdo e do lado direito da estação um alto, a vegetação vais-nos acompanhar mais que nunca, e pouco muda, casas nas redondeza dos apeadeiros, vegetação lado a lado e temos Oronhe em que passamos por baixo da Ponte do IC2 ou EN1 e do lado direito temos um vale enorme, no fundo a montanha e em frente vemos o numero de habitações aumentar o que é sinal que estamos em Águeda, a estação mais importante a seguir a Aveiro no Ramal de Aveiro. Feita a passagem por Águeda, a nossa viagem torna-se ainda mais pitoresca, a vegetação toca no comboio, mesmo quando passamos pelos apeadeiros, não encontramos assim muitas casas, encontramos sobretudo campos de cultivo nessas localidades, aqui a agricultura ainda é muito importante, a seguir a Aguieira podemos encontrar mais uma vista profunda, porque temos alguns quilómetros de visão, pelo meio apanhamos vinhas. De Valongo do Vouga até Macinhata mais arvoredo, mal se dá conta que passamos pelo apeadeiro de Carvalhal da Portela, foi o meu caso.
Chegamos a Macinhata do Vouga pelas 11:43 e aqui findo a viagem de comboio, visitar o espaço museológico existente é uma boa opção, foi o que fiz, no largo da estação temos a Locomotiva VV 13, entrando no museu temos um espólio largo de locomotivas a Vapor e ainda duas automotoras construídas na fábrica de Sernada numeradas de ME 51 e ME 53, é sempre bom recordar o material que um dia transportou os nossos antepassados. Ainda temos uma dresine, a DIE-3, carruagens de passageiros, vagões, até um vagão ambulância.
È tempo de me por em caminho pela linha até Sernada do Vouga, ainda falta bastante tempo para o nosso comboio com destino a Espinho-Vouga, o caminho aqui é fácil, é sempre a descer até a Ponte rodo-ferroviária de Sernada, temos mais uma vez a vegetação a acompanharmo-nos mas também temos o chilrear dos passarinhos, o que faz a caminhada ser bastante mais agradável. Chegando à ponte podemos apreciar a vista maravilhosa que temos do vale aonde se encontra a povoação de Sernada do Vouga e as margens do rio Vouga, temos a margem composta por pequenas pedras o que faz parecer um pequena praia fluvial, para quem quiser passar um dia relaxante e sossegado bem pode escolher ir para lá. Chego a Sernada do Vouga pelas 12:36.
Na estação de Sernada temos apenas duas linhas que servem os passageiros, e o que outrora existia já não existe, a maior parte dos carris foram arrancados e só restam os principais, aqueles que fazem a ligação às oficinas da EMEF de Sernada, ao armazém e à estação.
Nesta estação podemos encontrar duas Allan 9300 estacionadas em frente ao armazém e claro está algumas 9630 que fazem serviço ainda, as Allan estão em bastante maus estado, dentro do armazém pude observar mais uma Allan, pelo que sei é a única que está conservada e ainda anda, 9310 julgo, cá fora estava a 9306, a outra não consegui visionar o número de série.
Aquando a minha chegada estavam duas 9630 em manutenção, mais tarde iria ver que iriam fazer serviço, a 9632 regressou com a 9631, a 9634 e 9637 ficaram lá e a 9636 que estava parqueada onde outrora era o inicio da linha para Viseu, agora é o fim, com um batente já estragado. Decidi seguir pela estrada que hoje assenta no leito da antiga linha, pude maravilhar-me com a margem do rio Vouga e terminei a minha pequena viagem em cima da antiga ponte ferroviária que hoje é rodoviária.
Tempo de almoçar, quem não trouxer nada pode sempre ir comer ao café existente na estação de Sernada. Nesta estação temos as bombas para abastecimento de gasóleo das automotoras, temos um antigo dormitório da CP, hoje encerrado e tapadas as suas janelas e portas com uma parede, o que é muito habitual nestes dias por vário edifícios encerrados pelo país, em frente ao dormitório temos uma antiga carruagem penso que da era do vapor.
Dadas as voltas pela povoação de Sernada do Vouga é temos de embarcarmos no comboio com destino a Espinho-Vouga, o comboio deveria sair pelas 14:52 mas com a greve dos maquinistas e revisores, suprimiram um comboio e atrasaram a saída do comboio para Espinho as 14:52 e Aveiro as 14:54, o de Aveiro saiu as 15:11 e o nosso saiu pouco depois por volta das 15:15, a nossa viagem faz-se subindo e rompendo pela vegetação até Albergaria-a-Velha, até lá nada mais vamos ver que eucaliptos e pinheiros e mais algumas plantas, a linha férrea parece saída do nada, como na maior parte do percurso está muito degradada, a velocidade máxima é de 35 km/h, muito pouco para o que o comboio pode andar, mas até bastante para a segurança que a linha oferece, temos pelo meio a túnel dos açores. Chegados a Albergaria, já uma povoação com algum desenvolvimento mas que foi esquecida pelo comboio, só tem 4 comboios a passarem lá durante a semana, o engraçado acontece à saída da estação de Albergaria, a cancela é manual e quem tem de a manobrar é um funcionário da Refer que viaja dentro do comboio para manobrar mais algumas existentes pelo caminhos, no total foram apenas três, a maior parte ou não tem ou as que têm são automáticas, só na estação de Oliveira de Azeméis é que tem um manobrador próprio.
Curva contra curva vamos subindo e descendo, mas no geral subimos mais porque até Espinho é quase sempre a subir, passamos por pequenas povoações, a linha é quase coberta pela vegetação, em alguns sítios nem vemos o céu a quase, passamos a pequena povoação de Pinheiro de Bemposta, a estação encontra-se em bom estado e é utilizada pelo revisor para comunicar se pode o comboio avançar no terreno. A linha é feita de “U”s o que torna a viagem mais engraçada mas não muito rápida, o comboio aqui usa e abusa do apito devido às passagens de nível sem guarda, mas é tão engraçado. Ainda passamos pelo rio Ul e pouco depois encontramo-nos em Oliveira de Azeméis, do lado esquerdo podemos visualizar a fábrica da lactogal antes de claro está chegarmos à estação, e logo depois a ultima paragem para o funcionário da refer sair para manobrar a ultima cancela do dia e chegamos a Oliveira dos Azeméis, a estação mais importante da Linha do Vouga actual, é aqui que entra mais gente e terminam os comboios quase todos que vêm de Espinho. A partir daqui já encontramos mais habitações, algumas terras mais populosas, mas não acabam aqui as curvas e contra curvas nem muito menos a linha em mau estado nem a baixa velocidade, esta linha merecia melhor pelo menos neste troço. Embora o comboio faça paragem em todas as paragens, só para nos apeadeiros se houver passageiros mas de Oliveira dos Azeméis até Espinho parou quase em todas para largar ou entrar alguém. Esta linha é marcada pela vegetação, não me canso de repetir porque é mesmo isto que temos.
Prosseguindo até São João da Madeira, mais um concelho, mais um local com gente para entrar no comboio, a carruagem vai-se compondo, voltamos a atravessar o sossego até à Vila da Feira, em todas estações quase que podemos ir tomar um cafezinho se houvesse, temos que aguardar que o revisor tenha luz verde para avançar e isso ainda demora um bocadito, ele entra em todas a estações e telefona, um sistema engraçado mas que não falha. Avançando vamos na direcção da praia, Espinho claro está. A última estação do percurso é Paços de Brandão, bem conservada e na hora da chegada tinha muita gente que aguardava pelo comboio para Oliveira de Azeméis, daqui para a frente ainda passamos por vegetação algo densa, passamos pelo apeadeiro da Lapa que mais parece uma paragem de autocarros e quando passamos Monte de Paramos já sentimos o mar perto de nós, ultrapassando Silvalde-Vouga é só curvar à direita e chegamos à abandonada estação de Espinho-Vouga. E pelas 15:39 mais ou menos termina a nossa aventura na linha do Vouga.
A linha que subindo e descendo, curva contra curva liga populações perdidas no tempo e espaço e que termina em duas grandes cidades. Se de um lado vamos da serra e vegetação densa para a praia, do outro vamos atravessando vales até encontrar a cidade da Ria, a ria de Aveiro, embora também podendo ir-se para a praia mas não fica tão perto como em Espinho. Uma linha que nos faz regressar ao passado, passando por locais aonde não há pressa e que o sossego domina.
Tive que me apressar porque já ia atrasado para o comboio, e já tinha perdido o comboio previsto no horário e foi sempre a andar até encontrar um mamarracho de cimento e um enorme piso de alcatrão, outrora era aqui uma estação agora temos tudo subterrâneo como se tratasse de um metropolitano. O mamarracho é a ventilação da estação e mais a frente temos um edifício que é a estação, basta descer as escadas ou pelo elevador e encontrámos uma enorme gare que divide as duas linhas.
Às 17:56 saímos de Espinho no comboio Urbano número 15639 com destino a Porto São Bento, depressa chegamos a Porto-Campanhã, exactamente 20 minutos, ou sejas às 18:16, era só percorrer o túnel de acesso à linha número para as 18:25 rumar até Cête e tudo terminou às 18:55 nesta estação da linha do Douro, para muito uma estação, para mim a minha casa, aonde cresceu o meu gosto por comboios, aonde vi chegar uma 1400 com as cores originais a fazer um comboio que aqui lhe chamavam de Cête porque terminava aqui e eu esperava que ele chegasse para ver a locomotiva fazer a manobra.
Daqui partirão mais aventuras porque esta estação será sempre o centro das aventuras.